Abuso sexual infanto-juvenil é tema de encontro na ACIC

 

Publicado em: 15/05/2014 00:00

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Autoridades, integrantes da rede de proteção à criança e ao adolescente, membros da sociedade civil organizada, representantes da comunidade escolar e munícipes tiveram uma programação diferenciada nesta quinta-feira (15). Isto porque, o Governo Municipal, por meio da Secretaria de Bem Estar Social e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), em decorrência do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio, promoveu, nas dependências da Associação Comercial e Industrial de Cianorte (ACIC), uma mobilização contra a violência infanto-juvenil.

Para a Promotora de Justiça da Vara da Infância, Juventude e Idoso, Dra. Elaine Cristina de Lima, a proteção de crianças e adolescentes é um dever de todos. “É preciso amar cada criança como se fosse nossa, zelando pelo seu bem estar como faríamos por um filho. O olhar atento de um professor ou vizinho, por exemplo, pode evitar a ação de um pedófilo”, afirmou.

Nesse sentido, a chefe do Escritório Regional da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, Lucélia Guimarães Gelfei que, também, representou o deputado estadual Jonas Guimarães, enfatizou que “o abuso sexual é uma das mais graves violações dos direitos humanos e que para combatê-lo é necessário reafirmar as responsabilidades da família, da escola e do poder público”.

“Que o 18 de maio nos sirva de reflexão sobre o que entendemos por violência, suas formas de manifestação e como elas vêm à tona, uma vez que se trata de uma questão oculta e obscura. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho, no Brasil, ocorrem cerca de 100 mil casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes por ano, no entanto apenas 20% são denunciados. Nosso grande desafio é descobrir maneiras de que essa realidade seja exposta”, destacou a Juíza da Vara da Família, Infância e Juventude, Dra. Marília Mitie Yoshida.

“Por isso, não tenha medo. Denuncie. A cada um de nós cabe a responsabilidade de ser um fiscal, seja dentro de casa ou na rua. Não podemos deixar que estes verdadeiros monstros continuem soltos e fazendo mal à nossas crianças. Como pai e avô, mas acima de tudo como humano, é com grande tristeza que ouço estas estatísticas”, completou o presidente da Câmara Municipal, Valdomiro Gonçalves Pereira.

Já a secretária de Bem Estar Social e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Claudia Nunes Veloso Marchini, além de exaltar o trabalho realizado pelos integrantes da rede municipal de proteção ao público infanto-juvenil, agradeceu os envolvidos com a realização do evento. “Cianorte conta com servidores que atuam com amor e isso faz toda a diferença para aqueles que procuram por assistência. Nosso agradecimento ao prefeito Bongiorno, que não mede esforços para apoiar as iniciativas em benefício daqueles que mais precisam; à diretoria da ACIC, que cedeu o espaço para realização do evento; e às psicólogas que se dispuseram a ministrar as palestras gratuitamente”, lembrou.

“O trabalho preventivo é imensuravelmente menos doloroso e caro do que o curativo. Se o tratamento está sendo realizado é porque a ferida já foi feita e ela até pode ser fechada, mas as cicatrizes ficam. Por isso, esta discussão sobre maneiras de combater e evitar o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes possui tanta significância. Precisamos proteger nossas crianças, evitando que sofram a dor destas feridas. Parabéns a todos os participantes deste evento, defensores de uma causa louvável”, destacou o prefeito Bongiorno.

Após as falas das autoridades, os participantes se emocionaram ao ouvir os relatos de duas jovens, vítimas de abuso sexual na infância. “Muito se engana quem pensa que a violência sexual escolhe o tipo de família, credo, raça ou classe social. Ela está, na maioria dos casos, no contexto do lar e é praticada por pessoas improváveis. Por isso, é preciso estar atento aos sinais emitidos pela criança. Nem sempre a agressividade, por exemplo, é uma simples birra”, garantiu uma delas. Para encerrar a solenidade de abertura, a canção “Carinho de verdade” foi entoada por Alfredo Dalla Costa.

Em seguida, Célia Regina Pereira da Silva, psicóloga graduada pela PUC/PR e especialista em Ludoterapia e Psicologia Jurídica, ministrou uma palestra com o tema “Intersecção entre psicologia hospitalar e jurídica: duas versões sobre as violências”, pela qual compartilhou suas experiências de 22 anos de trabalho junto a Polícia Civil na oitiva de crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência sexual. Já no período da tarde, a discussão sobre o 18 de maio ficou por conta da psicóloga mestre em saúde coletiva pela UEL, Jane Biscaia Hartmann, profissional do Hospital Universitário de Maringá.

Entenda o 18 de maio
A indignação pelo assassinato de Araceli Cabrera Sanches, de oito anos, foi motivadora para a criação do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes que, celebrado no dia 18 de maio, serve para lembrar todos os brasileiros do sequestro ocorrido em 1973, quando a menina foi drogada, espancada, estuprada, morta e desfigurada com ácido por membros de uma tradicional família de Vitória, no Espírito Santo. Muita gente acompanhou o desenrolar do caso, no entanto, poucos foram capazes de denunciar o acontecido e o silêncio acabou por decretar a impunidade dos criminosos. Assim, para divulgar o caso, incentivar denúncias e conscientizar autoridades e sociedade sobre a gravidade da violência sexual, os órgãos atuantes na defesa dos direitos das crianças e adolescentes promovem, durante a data, atividades diferenciadas em todo o país.